Ainda o Plano do Savoy

Fui à cave e recolhi este post de 26 de Janeiro de 2008, quando estava em discussão pública o PUI (Plano de Urbanização do Infante, mais conhecido por PMMHUF (Plano Mais Martelado da História Urbanismo do Funchal).

Diz o PUI que se pode construir 3+3 pisos (3 que já existiam com mais 3 novos). Já se está a construir o 6 piso que, claramente, se percebe que vai ficar a mais.


De resto há situações que não percebo como se contornaram para responder ao RGEU.

 

Carlos Pereira não é mentiroso

Entrevista pub/ DN-Madeira em 14/09/2018

Emanuel Câmara, Presidente do PS Madeira, entrevistado pelo DN Madeira tece algumas considerações nas quais me inclui enquanto deputado da Assembleia da República eleito pelo PS.

Considerando que as afirmações aí patentes não estão truncadas e não tendo sido desmentidas, obrigo-me a fazer alguns comentários às suas afirmações.

Como ponto prévio há que dizer o seguinte:

  • O meu compromisso, enquanto deputado é, em primeiro lugar, com os leitores que me elegeram, cumprindo o lema da campanha: ‘Sempre com a Madeira’; em segundo, com o projeto de Carlos Pereira para 2019 cuja base foi a moção aprovada no congresso do PS-M em 2015, pois foi nessa base que aceitei ser candidato e fazer parte desse projeto de mudança política na Madeira; em terceiro lugar com o Programa de Governo aprovado na Assembleia da República em 2015.
  • Relativamente à minha participação cívica e política para construir uma alternativa ao poder instalado na Madeira, ela não vem de agora, nem de 2015, nem de 2013. A minha opinião pública e publicada tem pelo menos 15 anos e não só contem críticas ao regime instalado como inclui propostas para uma mudança de paradigma do desenvolvimento da Madeira e do Porto Santo.
  • Apesar de não filiado no Partido Socialista considero-me um militante deste projeto pelo qual fui leito, do grupo de parlamentar a que pertenço e dos interesses da Região Autónoma da Madeira.

Por isso, como apoiante da candidatura de Carlos Pereira, reconheço e aceito democraticamente, que o projeto vencedor que resultou das últimas eleições do PS, apesar de não ser, no meu entender, o mais apropriado para vencer as regionais em 2019, deve ser respeitado porque foi o mais votado pelos filiados no PS Madeira.

Depois dos pontos prévios e indo diretamente ao assunto da entrevista.

A seguir às eleições internas, Carlos Pereira enviou mais do que um email à nova direção sugerindo uma reunião e anexando um conjunto de ideias como principio de conversa do que deveria ser a base para a construção de uma unidade do PS, uma unidade que servisse o objetivo de ganhar a confiança da maioria dos eleitores em 2019.

Esses emails não tiveram resposta, foram ignorados. E nas últimas palavras que aparecem na entrevista percebe-se porquê: qualquer estratégia desta nova direção nunca passou por incluir o antigo líder. Nem a ele, nem a mim.

Essa desconsideração é baseada num pensamento simples: de que passadas as eleições, Carlos Pereira apenas conta consigo próprio e mais meia dúzia de pessoas e, por isso, o seu peso político é desprezível. Um pensamento erróneo e alguma ligeireza no discurso.

Só porque se tem mantido uma espécie de paz podre, em que nem Carlos Pereira nem os apoiantes do seu projeto, têm contribuído para a destabilização do mandato da nova direção, não quer dizer que ele tenha perdido peso. Carlos Pereira é um corredor de fundo, não é um ‘sprinter’…

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É verdade que após essa tentativa de aproximação não correspondida, recebi 3 emails do departamento de comunicação do PS-M, convocando-me para uma ‘reunião interparlamentar’. Uma em Abril, outra em Junho e outra em Julho.

Mas também é verdade que não houve nenhuma proposta de reunião para tratar de assuntos relacionados com o Orçamento de Estado para 2019. Pelos vistos também não será necessário, pois Emanuel Câmara ‘’tem tido as reuniões certas nos lugares certos’’. É verdade que já o vi um vez na galeria da Assembleia da República e, ao longe, num corredor. No princípio de Abril. Mas não foi para falar com os deputados do PS eleitos pelo seu circulo eleitoral.

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Não sei de onde caiu esta entrevista, a propósito de quê. De uma coisa tenho a certeza, não são palavras de um líder que quer unir todas as pontas em torno de um objetivo comum. Uma postura contrária teve Carlos Pereira durante as autárquicas. Mesmo aguentando as facadas nas costas, proclamava a unidade em favor de uma vitória significativa nas autárquicas.

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Alguns, ao ler este texto, entenderão as minhas palavras, como uma afronta ao atual líder do PS Madeira. Não são de todo. São apenas um esclarecimento que deve servir de contraponto às singulares palavras de Emanuel Câmara que tentam levar ao descrédito dos atuais deputados do PS eleitos pelo circulo da Madeira.

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Assim, se não houver mais afirmações neste sentido, considerarei as palavras da entrevista como um incómodo passageiro e continuarei seguindo o meu caminho, cumprindo o meu papel enquanto deputado, ‘sempre com a Madeira’.

Proposta antiga para a Praça do Município no Funchal

Arrumando as pastas do computador, encontrei esta proposta que, em 2005, integrado na candidatura ‘Funchal para Todos’, propusemos no âmbito da campanha eleitoral. Entre outras propostas que apresentámos, esta era uma daquelas que teria, eventualmente, iniciado uma nova era para a revitalização do centro do Funchal. Já passaram 13 anos.
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A ideia não era original. Aliás já tinha sido apresentada antes por um conjunto de comerciantes, a construção de um parque de estacionamento público na praça do município. Terá até havido outros que se lembraram antes disso, uma vez que, tal como está aquela que deveria ser a principal praça da cidade, não faz sentido nenhum ainda ser ‘poluída’ com automóveis. Esta proposta aproveitava um necessário acesso ao estacionamento para, de forma subterrânea, fazer o atravessamento automóvel entre a rua 5 de Outubro e a rua Câmara Pestana. Transformava assim a praça num lugar exclusivamente pedonal.

Dubaibai Madeira

A Madeira já quis ser Canárias, a Madeira já quis ser Singapura, a Madeira já quis ser outras tantas coisas e agora, pelos vistos, … quer ser Dubai. A Madeira vai sendo aquilo que os promotores imobiliários vão querendo que seja. O poder político, aquele que deveria defender o interesse público, anda a reboque como sempre andou.

‘’Ó Sr. Azevedo, você quer construir um centro comercial assim grande? Sim, pode ser aí no meio das bananeiras, nós depois fazemos as infraestruturas para os seus clientes lá chegarem? (…) PDM?! Isso logo se vê. Faça, faça!’.
‘’Ó Sr. Henriques, você quer fazer assim umas torres tão grandes aqui no Funchal? Olhe que isso vai dar nas vistas. Está bem, diga que vão ser 25 pisos para a malta ficar assustada e depois mete um projeto com 10 pisos e ninguém vai notar. Mas, ó Sr. Presidente, isso também acho que não se enquadra no PDM. PDM?! Isso logo se vê. Faça, faça!’’.
‘’Ó Sr. Berardo, você quer demolir o Savoy e o Santa Isabel e construir esse batatão que está aí nessa maquete?! Mas olhe que o PDM dá-lhe menos capacidade construtiva que o que tem com os atuais hotéis! Vá lá, Sr. Presidente, olhe que isto vai dar muitos postos de trabalho. Mas olhe que isso vai dar nas vistas. Ó Sr. Presidente isto vai ficar um espetáculo como nunca se viu na Madeira. Bem, então temos que fazer-lhe um Plano de Urbanização à medida senão não lhe conseguimos aprovar um projeto com o dobro do índice de construção, o triplo do índice de implantação e mais 6 pisos do que está definido no PDM. E mesmo assim ainda vamos ter de suspender um ou outro artigo do PDM. Bem, logo se vê. Faça, faça’’.
‘’Ó Sr. Varino, um Dubai na Madeira? Olhe que nunca me tinha lembrado disso. Mas parece-me uma ideia fantástica. Mas olhe que, pelo desenho que trás aí, isso não encaixa no Plano de Urbanização do Amparo. O melhor é fazer um Plano de Pormenor porque nós também não temos a mínima ideia do que queremos para ali.

O Sr. Azevedo, o Sr. Henriques, o Sr. Berardo, os Srs. da Varino e tantos outros empreendedores e promotores imobiliários, não fizeram nada de mais. São empresários, jogam com as regras do jogo e tentam obter o máximo lucro do seu investimento. É certo que este ‘jogo’ do imobiliário, num território sem uma ideia do que quer ser, sem um rumo a longo prazo, com planos de urbanização feitos para acomodar obras já construídas ou apenas no papel, tem regras muito flexíveis e que vão mudando à vontade do freguês. É também verdade, que as empresas e os empresários têm uma responsabilidade social que devia refrear os seus instintos de pura especulação, contribuindo antes para a sustentabilidade do território onde investem.
Mas não é a eles que se deve apontar o dedo quando vimos assistindo, desde há décadas, à desqualificação da paisagem e à construção de património de duvidosa qualidade. Património que, na minha opinião, não deixará orgulhosas as gerações vindouras da obra dos seus antepassados.
Os responsáveis pela transformação do território e a defesa do interesse público para a construção de um património de qualidade e requalificação do existente, cabe apenas ao poder político e esse, continua a navegar à vista.
Se houvesse uma ideia clara do que se quer para a Madeira, uma ideia que compreendesse este território, a sua paisagem, a sua natureza, a sua escala, o seu encanto, jamais alguém se lembraria de colar duas imagens, uma da Madeira e outra do Dubai. Mas como na Madeira não se vislumbra um caminho claro de transformação da sua paisagem, rural ou urbana, … tudo é possível. Mesmo que o resultado, não tenha nada a ver com algum Dubai… felizmente.

Um dia destes aparecerá outro alguém que quererá fazer uma Macau do Atlântico na Madeira, com casinos e umas torres. As pessoas ficarão de boca aberta a olhar para uns desenhos de encher o olho e lá irão atrás dessa ou outra ideia brilhante.
Porque é que ainda ninguém se lembrou que bastaria fazer a Madeira na própria Madeira? Entretanto, vão-se perdendo oportunidades.
Até lá, bye bye Madeira

 

publicado do JM no dia 15 de Agosto de 2018

Pérolas do Atlântico

 

A RUÍNA SUBMERSA

O jardim da ilha que se apresentava florido, moderno e em próspero desenvolvimento, afinal tinha os seus alicerces a desmoronar. A ilha ajardinada , a pérola do Atlântico, foi violada, desbaratada e penhorada para as gerações futuras pagarem.

A ilha não percebeu, na devida altura, que a sua maior riqueza era a sua natureza, a sua história a sua condição insular.

Em vez disso, deixou a ilha cheia de buracos. Feridas na natureza e buracos financeiros.

 

A ILHA À DERIVA

Depois, em vez de se corrigirem os erros estruturais, de se criarem novos alicerces, a ilha quer fazer crer, ter quebrado com o que a ligava ao anterior modelo de desenvolvimento. Hoje encontra-se à deriva. Em vez de ter encontrado novas formas de assegurar a sua sustentabilidade, umas vezes parece querer regressar às fundações anteriores outras vezes percebe-se, à vista desarmada, que vagueia no Atlântico desnorteada.

 

 

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Um pequeno vulcão parece estar a despontar no fundo do mar, ligado à plataforma continental. Promete ser, se um dia emergir acima da linha de água, a melhor ilha para viver no Atlântico e arredores. Porém, a investigação cientifica tem tido grandes dificuldades para descobrir qualquer vestígio que aponte qual será a sua evolução e se tem suficiente magma para dar origem a uma ilha que não desapareça a seguir como acontece a tantas ilhas jovens.

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Uma pérola do Atlântico merecia mais. Merecia mais, merecia saber melhor quais são as opções para o seu futuro. Se vai continuar à deriva, se vai regressar à ilha dos jardins suspensos, ou se vai deixar crescer uma ilha a qual nada se sabe no que vai resultar.

 

 

publicado no JM em 

25 de Abril de 2018