Cento e quarenta e quatro dias já passaram desde da tomada de posse como deputado na Assembleia da República. Uma experiência diferente, desafiante e renovadora em termos pessoais, de entrega e empenhada na causa pública.
Após um primeiro período de adaptação, durante o qual se testemunhou a queda do governo proposto pela PaF e a tomada de posse do atual governo liderado por António Costa, apoiado pela maioria parlamentar que aprovou o seu Programa, a Assembleia da República discute agora em sede de especialidade o orçamento para o próximo ano, que já foi aprovado na generalidade.
Ao contrário do que meio mundo agoirava, vaticinando o desentendimento das forças políticas de esquerda com o PS, o Programa de Governo do Partido Socialista vai orientar o desenvolvimento do País apoiado numa maioria parlamentar democraticamente eleita.
Ainda constrangido pelos efeitos de uma crise económica internacional e de uma posterior reação da coligação PP/PSD à crise que não conseguiu reerguer o País para os níveis desejáveis e prometidos, começa-se hoje a perceber hoje um novo rumo para Portugal. Um rumo que inclui mais justiça económica e fiscal, maior equidade e novas estratégias para a recuperação da economia, nomeadamente a de uma aposta clara e concreta nas políticas de Requalificação Urbana.
Para além de um conjunto de políticas que se expressam nas grandes Opções do Plano, percebe-se inequivocamente um novo entendimento e posicionamento, sobre o modelo de desenvolvimento para o País, que difere substantivamente daquele adotado pela maioria de direita nos últimos 4 anos. Modelo esse que Passos Coelho conduziu a caminho de um liberalismo ‘selvagem’ onde o Estado teria um papel marginal, mas lá estaria servindo de rede quando as acrobacias dos privados corressem mal e onde se salvava quem pudesse e conseguisse, esquecendo os mais desprotegidos, deixando-os à sua sorte e ao sabor da boa vontade das misericórdias. Mas hoje respira-se um novo ar, de mais esperança, de maior equidade e de estratégias reformadoras com impacte no desenvolvimento económico.
A Madeira, que tendo escolhido o ano passado, a continuidade do modelo de desenvolvimento defendido durante 40 anos pelo PSD, continua sem qualquer rasgo de inteligência para se adaptar a um novo paradigma, onde já não jorra dinheiro fácil pelos cofres dentro, tem hoje mais a ganhar com o Governo do PS de António Costa do que com a habitual navegação-à-vista em que Miguel Albuquerque é especialista encartado.
Para que este orçamento trouxesse benefícios para a Madeira e Porto Santo, muito fizeram os deputados da Madeira do PS na Assembleia da República. Com diplomacia e propostas concretas, com empenho e um desejo genuíno de levar à Região o melhor que este orçamento pode conseguir, a Madeira terá nos próximos tempos um conjunto de benefícios, muitos deles fruto do trabalho e da competência reconhecida entre os nossos pares, de Carlos Pereira e do PS-Madeira.
A Madeira terá no próximo ano mais apoios sociais, contando com o aumento do complemento solidário para idosos, das pensões e do abono de família, para além de uma maior dedução em IRS contando com o aumento do quociente familiar para os descentes e ascendentes. O aumento do salário mínimo e a eliminação dos cortes salariais da função pública, não só virão repor mais justiça social como, inclusive, poderá animar ligeiramente a economia, tal como a baixa do IVA na restauração pode defender os pequenos empresários da restauração, ou pelo menos aqueles que conseguiram sobreviver suportando o aumento brutal do IVA de que foram alvo.
Além disto, que está delineado para o todo nacional, a Madeira verá chegar um empréstimo de 75 milhões para pagamento a dividas a empresas e a correção de cerca de 17,5 milhões que não constavam no orçamento relativamente ao fundo de coesão.
A confirmação de cofinanciamento no novo Hospital da Madeira é também um compromisso do governo de António Costa que agora espera responsabilidade e compromisso do Governo Regional, para a elaboração do novo projeto e aquisição de terrenos, de forma a estabilizar os valores envolvidos.
Resumindo, a ‘geringonça’, termo adotado pelo CDS e PSD para denegrir a nova correlação de forças parlamentares que apoiam o governo, afinal funciona. E funciona com resultados positivos para a Madeira.
15 de Março de 2016
publicado in JM . Jornal da Madeira