Valorização do Território

Série II.008

Valorizar o Território

Esta semana está em debate no Parlamento o Plano Nacional de Reformas proposto pelo Governo de António Costa.

Neste Plano, o Governo considera 6 vetores para as reformas que devem conduzir o País a novo patamar de desenvolvimento.

A saber:

  • Qualificar os Portugueses
  • Promover a inovação na economia
  • Valorizar o território
  • Modernizar o Estado
  • Capitalizar as empresas
  • Reforçar a coesão e igualdade social.

Considero, sem sombra de dúvidas, o vetor da ‘Valorização do Território’ como o vetor mais importante e que, eventualmente, pode definir um novo paradigma de desenvolvimento para Portugal.

A Valorização do nosso Território, dá expressão áquilo que nos torna singulares, define o caracter e constrói a identidade deste País que passa geração em geração. Se levadas a sério, as reformas que se pretendem operar neste vetor, serão, provavelmente, aquilo que ainda falta fazer para encontrar um novo rumo para o nosso futuro.

Ao contrário do último Governo que, perante a crise económica e financeira que se instalou a nível internacional, não foi suficientemente criativo para encontrar um novo paradigma de desenvolvimento, o Governo do PS toma agora a Valorização do Território como um desígnio nacional e coloca na agenda principal da governança, a regeneração dos centros históricos e a requalificação das periferias, a mobilidade urbana com particular ênfase para a mobilidade verde, a eficiência energética do edificado com programas específicos de apoio à reabilitação tendo em conta este objetivo e a promoção da economia circular, desde da génese dos produtos até à sua reutilização, combatendo assim o desperdício.

​Só por isto considero de grande mérito colocar estes assuntos com o destaque que de facto merecem, mas que antes nunca tinham merecido a devida atenção.

Mas estas medidas não têm apenas os ganhos que se podem adivinhar na qualidade de vida das pessoas. Estas medidas podem ter efeitos colaterais da dinamização da economia, o que não é de somenos importância. E as operações de regeneração urbana são exemplo disso.

Todos sabemos que o ciclo onde se construíram as grandes obras de infraestruturas que o País necessitava e onde a obra nova prosperava para dar resposta às necessidades de habitação, turismo etc, esse ciclo acabou.

​Ora, o fim desse ciclo, de forma abruta, lançou para o desemprego e levou à emigração milhares de trabalhadores do setor da construção.

O que fez o governo anterior de Passos Coelho? Adormeceu ao volante! Descansou apenas na iniciativa privada que, de forma muito astuta e valiosa, encontrou um filão na requalificação de algum edificado nos centros históricos, sobretudo nas cidades de Lisboa e Porto.

​Só que a iniciativa privada, sempre bem-vinda é certo, por si só não é suficiente para cumprir uma politica global de regeneração urbana.

A intervenção pública, através do planeamento urbanístico, de incentivos e apoios a determinadas operações que combatam processos de gentrificação mantendo assim o caracter singular de determinados núcleos urbanos, é fundamental.

Fundamental é também a intervenção no espaço público que certamente a iniciativa privada não tomará conta. A intervenção pública é por isso essencial para o sucesso destas políticas de requalificação das cidades e da paisagem, a par obviamente, com a iniciativa privada.

​Genuinamente, creio que o Governo de António Costa está empenhado em marcar este novo tempo, por políticas de valorização do território que marquem um virar de página nos centros urbanos e na paisagem rural, tanto na realidade continental como nas insulares.

13 de Abril de 2016
publicado in JM . Jornal da Madeira

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