A Arquitectura é com a Música, a Pintura, a Escultura, a Literatura, a arte representativa (teatro etc.) uma das 6 artes maiores. Ela é arte mas também técnica. A técnica do saber da construção.
É por isso a fusão desses dois predicados: É a arte e a técnica de desenhar edifícios que, de alguma forma, expressem valores estéticos mas também utilitários, que sigam a função para o qual foram desenhados como Habitar, Trabalhar, Lazer, etc., mas também que sejam a expressão estética do seu tempo.
A Arquitectura segundo este raciocínio, e de acordo com os três princípios do Arquitecto Vitruvius (arquitecto romano do séc. I a.C. que escreveu alguns tratados de arquitectura), é firmitas (durabilidade), venustas (harmonia e beleza) e utilitas (funcionalidade). O “firmitas” garante a boa construção e a longevidade da obra; o “venustas” concede à obra, e ao seu desenho, o equilíbrio das proporções, harmonia das formas, a inteligência da sua integração no sitio e a beleza da sua linguagem; por fim o “utilitas”, o principio que, aplicado à arquitectura, lhe confere funcionalidade para o fim que foi concebido.
Ainda que estes princípios se possam distinguir, não devem ser separados, pondo em risco a própria Arquitectura com o “perigo” de se confundir com a simples “construção”.
A Arquitectura não é no entanto uma arte como as outras, em que o autor é o único responsável pela sua obra.
Neste caso, além do arquitecto, contribuem para o produto final vários intervenientes como por exemplo o cliente ou Dono da obra; os engenheiros que fazem os projectos técnicos como da Estrutura do edifício, das Instalações Eléctricas, das Águas e dos Esgotos; e ainda o construtor, as condicionantes legais e mesmo o utilizador final que vai ocupar o edifício.
O Arquitecto é no entanto o criador e aquele que gere todos os contributos exteriores que vão condicionar o projecto.
O significado da palavra arquitecto deriva do grego “Arkhitekton”. Era o mestre dos carpinteiros e dos pedreiros, aquele que, conhecedor do saber da construção, possuía também conhecimentos sobre estética e harmonia. Era aquele que desenhava e geria a obra.
Ao longo dos tempos, tal como noutras profissões, o saber especializou-se e por isso, a actividade do “Mestre Pedreiro” derivou em várias áreas. Ainda assim, cabe ao Arquitecto conceber o Projecto de Arquitectura e coordenar todos os Projectos Especiais.
A complexidade dum projecto varia consoante a sua dimensão e especificidade do Programa, do tipo de funções que se vão desenvolver num edifício.
No entanto há regras que me parecem básicas e comuns a todos os projectos.
- A integração na paisagem, seja ela rural ou urbana é de primordial importância devendo o Arquitecto ter em consideração o carácter e condições do local onde vai intervir.
- Deve também ter a consciência que o seu projecto não é apenas uma experiência estética e formal mas que Arquitectura deve servir as pessoas que a vão utilizar.
- Sobretudo, deve o ter conhecimento, ainda que não aprofundado, das várias especialidades que interferem no projecto de Arquitectura e que são do domínio da Engenharia, dos Juristas, da Arquitectura Paisagista dos Historiadores, etc., sem perder a noção de a Arquitectura não é uma especialidade mas sim uma disciplina de saberes e conhecimentos abrangentes.
24 de Março de 2003
publicado in Leia Se faz Favor